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Arquitetos: João Mendes Ribeiro
- Ano: 2015
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Fotografias:Nelson Garrido
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado na zona industrial de Coimbra, o edifício de Armazéns e Escritórios na Adémia é um conjunto de dois volumes em que se procurou dar resposta ao programa funcional (armazém, escritórios e espaços de comércio), distribuindo-o por dois corpos construídos com diferentes escalas. O volume de menores dimensões foi implantado no limite do lote, fazendo frente de rua, e é ocupado pelos espaços comerciais (ao nível do piso térreo) e pela zona de escritórios (no primeiro piso). No interior do lote desenvolve-se o volume do armazém, de maior escala, constituído por cinco módulos iguais com cobertura de duas águas. Os dois edifícios foram implantados de forma a ocupar a largura total do lote e estão interligados por um passadiço coberto, sobre-elevado em relação à rua. No espaço vazio entre os edifícios, sob o passadiço, foi criado um pátio interno que dá acesso à zona de estacionamento.
A caracterização material dos edifícios assume um papel fundamental na leitura conjunta dos volumes, com uma linguagem construtiva que se transforma na linguagem formal do conjunto. Uma linha horizontal atravessa os dois edifícios de forma contínua, fazendo a separação entre os dois materiais que no fundo caracterizam a construção: betão à vista e chapa ondulada cinzenta. Entre a cota do pavimento e esta linha horizontal constitui-se um muro de embasamento em que o betão, cofrado com chapa ondulada, prolonga a textura da chapa metálica que lhe é justaposta nas superfícies superiores.
Na secção superior dos edifícios,todas as superfícies são revestidas com chapa, inclusivamente as aberturas. No edifício de escritórios, os vãos são cobertos com portadas em chapa ondulada perfurada, em continuidade com o revestimento da fachada, cuja abertura é feita com recurso a sistemas basculantes. No passadiço, o alçado principal é da mesma forma revestido com chapa ondulada perfurada, que lhe confere alguma transparência. O uso coerente de um pequeno número de materiais e a forma clara e constante como se articulam entre si traduz-se na unidade material que permite uma leitura global dos dois edifícios, capazes de comunicar entre si.
No interior do armazém assume-se o caráter industrial do edifício, com o recurso a um pavimento em betonilha afagada e a colocação das infra-estruturas à vista e à face dos revestimentos. A estrutura metálica de suporte da cobertura e das claraboias é visível pelo interior, bem como o muro de embasamento de concreto. Acima desse muro é colocada chapa perfilada cinzenta, revestimento que se estende à cobertura.
No topo do armazém, um pequeno volume com estrutura metálica e revestimento a painel cimentício cinzento acolhe as dependências de apoio e faz a ligação vertical ao passadiço sobre-elevado. No edifício de escritórios, salas de diferentes dimensões ocupam o espaço em que o tecto falso reproduz a cobertura de duas águas. Vãos e mobiliário em contraplacado de bétula e paredes leves dividem o espaço, unificado pelo pavimento em autonivelante.